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sexta-feira, 20 de maio de 2011

Livro polêmico do MEC ainda não é utilizado em São Leopoldo

Aline Marques/Da Redação


Obra divide opiniões porque defende erros de concordância como adequados.

São Leopoldo
- O polêmico livro Por uma vida melhor, da Coleção Viver, distribuído pelo Ministério da Educação (MEC) a cerca de 500 mil alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) ainda não chegou nas escolas públicas de São Leopoldo, mas, assim como no restante do País, também dividiu opiniões na cidade. Na obra, os erros gramaticais refletem uma linguagem usual, descompromissada com a Língua Portuguesa e uma das autoras, a professora Heloísa Ramos, defende o que chama de supremacia da linguagem oral sobre a linguagem escrita, admitindo a troca do certo e errado por adequado ou inadequado, teoria do linguista Marcos Bagno. Nesta semana a Academia Brasileira de Letras criticou a posição do MEC de distribuir a publicação para cerca de 500 mil alunos e alega que o livro não ajudará na melhoria do ensino e aprendizado.

Para alunos, obra é exemplo de como não se deve escrever
Embora o livro seja destinado a alunos de EJA, estudantes do ensino médio consideram a publicação com erros gramaticais como forma de alertar sobre as formas de expressão. Para Tamires Montovani, 15 anos, aluna do Instituto Pedro Schneider, o livro pode ajudar a escrever da forma correta. “Costumo cortar algumas letras quando falo, e ver isto nos livros mostra que está errado’’, diz. Assim como Tamires, a aluna da Frederico Schmidt Alessandra de Oliveira, 14, acha interessante. “Ver escrito errado vai nos fazer buscar o jeito certo de falar. Muita gente fala errado, é comum, e tem as gírias que atrapalham bastante. Dependendo do lugar onde estou procuro falar o mais correto possível’’, disse. Samuel Rocha da Cruz, 14, do Pedrinho, acha ruim. “Acho que a gente tem que falar como lê’’, diz.

Linguista defende a publicação
Para a professora do Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada e do curso de Letras da Unisinos Ana Maria Stahl Zilles, a publicação está apropriada para o público que se destina. “O livro é didático, feito por professores e destinado ao EJA. O que tem que ser levado em consideração é o nível do aluno. São de grupos diferentes, são pessoas que voltaram a estudar’’, disse. Segundo a professora, ele é adequado porque traça as diferenças entre o falar e o escrever. “Ele aborda a existência na variação da fala, da forma variada entre a norma culta e a popular’’, ressalta.

ABL discorda e critica a posição do MEC
Nesta semana, a Academia Brasileira de Letras divulgou nota oficial na qual discorda da posição do Ministério da Educação quanto aos livros didáticos de Língua Portuguesa que buscam justificar a falta de necessidade de observação das normas cultas do idioma. O linguista Evanildo Bechara, da ABL, critica o que diz o livro. “Há uma confusão entre o que se espera da pesquisa de um cientista e a tarefa de um professor. Se o professor diz que o aluno pode continuar falando ‘nós vai’ porque isso não está errado, então esse é o pior tipo de pedagogia, a da mesmice cultural”, diz. “Se um indivíduo vai para a escola, é porque busca ascensão social. E isso demanda da escola que lhe ensine novas formas de pensar, agir e falar”, continua Bechara.

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